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Taquari/RS; Canoas/RS; Esteio/RS; Sapucaia do Sul/RS, Rio Grande do Sul, Brazil
Autônomo do ramo da prevenção contra incêndio; Formando em Ciências Jurídicas e Sociais - Direito.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Os Boca Braba - Taquari, RS, Brasil - 1998/2000 d.C.



Antes que eu escreva todas as minhas memórias daquela época, que ainda quero fazê-lo e não sei se vou ter tempo, quero ir adiantando contar alguns episódios. Escolhi começar pela estória dos Boca Braba, porque tenho sido provocado neste período de eleições municipais, em que lideranças populares também se insurgem na disputa da política e dos cargos de governo.


Os Boca Braba, escrito assim mesmo, sem nenhuma preocupação gramatical, era um grupo formado em 1998, insignificante para o tamanho de tudo no mundo, mas forte para exemplo do que se possa e não se possa bem fazer na construção das relações políticas quando a gente é jovem.


Eis que esse grupo, primeiro, tentava organizar naquele pequeno município, uma espécie de agremiação juvenil socialista, com militantes da Juventude do Partido dos Trabalhadores, junto com outros da União da Juventude Socialista, do Partido Comunista do Brasil. Se esses partidos não reconhecerem o que eu estou dizendo, agora, ressalvo que aqueles indivíduos assim se auto-identificavam. 

Mas como todo grupo de discussão política não tem sentido sem efectiva participação na transformação da sociedade, em 1999 decidiram, os Boca Braba, disputarem a direcção do grêmio de estudantes da maior escola estadual daquela localidade, sem nem procurar saber que a chapa de situação já não contava com a influência do adversário do ano anterior, que dizia-se militante do Partido Socialista Brasileiro e que grupos ligados ao próprio PT estavam apoiando essa chapa de situação. Parte dos Boca Braba, sem assim se saberem, já haviam buscado derribar essa dita direcção de grêmio, no ano anterior e, se tivesse durado mais dois dias a campanha eleitoral, certamente teria conseguido. Em 1999, então estavam vencendo aquela eleição. 

O grêmio de estudantes funcionou dentro do razoável da competência que é peculiar a esses grupos, porém com um pouco mais de intensidade na discussão política. Dentro dessa discussão, uma reforma estatutária e a formação de uma directoria colectiva, aboliam a existência de hierarquia na entidade estudantil, eliminando a possibilidade de exibição de pessoa pelo uso da sua qualificação directiva ali existente. Isso, talvez, tenha incomodado um pouco o dirigente PCdoBista que, sendo voto vencido, não pode evitar naquele ano. Respeitável a orientação ideológica do partido sobre seus militantes de juventude; lamentável o preço que se vem pagando até hoje por essas escolhas.

Lamentavelmente, o grupo ligado ao PC do B e outros membros, ditos apartidários, resolveram, no ano seguinte, 2000, formar chapa com o PSDB e ganharam a eleição, sob alegação de não estarem sendo consultados para as tomadas de decisão. A verdade é que, de facto, o grupo ligado ao PC do B estava sendo voto vencido em todas as decisões. Surpreendentemente, mesmo tendo assinado a lista de convocação duma reunião, um deles chegou a dizer que não era mais convidado para as reuniões! Testemunhas viram isso, mas agora estão aliadas com os que ficaram. Sem contar alguns episódios estranhos como sumiço de um cheque de pequeno valor do caixa de um sindicato, mas que depois veio aparecer na bilheteria do Baile dos Boca Braba, dando troco da entrada para a cerveja... Sem contar do baile do próprio grêmio estudantil que deu prejuízo, que nunca foi prestado contas; do carro que fazia 800 metros por litro de gasolina. 
Não bastasse tudo isso, chegou-se a dizer que era ruim ser director dum grêmio estudantil alguém que era pré-candidato à eleição municipal seguinte! Ora, como se uma coisa fosse óbice à outra! Quando na verdade as melhores lideranças políticas no mundo inteiro, são aquelas que sempre tiveram envolvimento com a comunidade e a luta social. O mais ruim desta alegação foi que 4 anos depois o próprio sujeito que fez essas alegações apresentou-se como candidato.

Depois seguiram-se coisas inexplicáveis, como o facto de que o líder PCdoBista da cisão, além de tomar o grêmio de estudantes, foi parar na direcção do sindicato em que o líder identificado com o PT esteve. Ademais, o irmão do PCdoBista vinha sendo o maior incentivador do PTista para fazer-se chapa de oposição, também, no sindicato, vagando, também esse posto, para o PCdoBista.

De maneira nenhuma quer-se, aqui, atribuir qualquer qualificação "piorativa" contra qualquer desses partidos. Mas medir o quanto o interesse particular, o ciúme e a impaciência podem desconstituir um grupo que era capaz de abrir caminhos bem melhores para a discussão política e o crescimento do pensamento crítico numa pequena cidade do interior. 

Agora que os tempos passaram, alguns do grupo ainda tentam uma reaproximação. Mas torna-se difícil consertar o que foi quebrado... tem muita coisa que ficou mal explicada... a vaidade quebrou os queixos àquela época! Os Boca Braba se morderam tanto entre si, de tão queixo-duro, se mataram uns aos outros!

De festinha se pensa em voltar a reunir, mas não foi na festa que as coisas se quebraram! Esse rejunte, talvez, deva ser feito exactamente onde tudo se quebrou: - na política! 


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Agora todos pagam o preço conforme suas cotas e suas possibilidades. Não há mais, assim, como combater o poder económico e as candidaturas ligadas aos movimentos populares padecem, enquanto os que sempre pertenceram às famílias mais tradicionais na cidade, seguem mandando em tudo (...).

Os grupos que restaram, tanto de um lado quanto do outro, da cisão dos Boca Braba, actualmente restam tão pequenos e inominados que não conseguem negociar coisa nenhuma dentro das composições políticas dos seus respectivos partidos.

Que lugar podia dar o PSDB para um grupo que, quando conseguia crescer um bocadinho, partia-se, sempre!? Que lugar vai dar, na administração municipal, o PT, para quem nunca conseguiu agregar, organizar e fazer-se entender num período que não é de atentados nem de guerrilhas?

Não quero ser fatalista, mas acabei de lembrar duma frase do cantor nativista gaúcho, Gildo de Freitas que diz: "bãmu pará gaitêiru; nãun adiãnta! Nãun vórta máis!

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