.

Minha foto
Taquari/RS; Canoas/RS; Esteio/RS; Sapucaia do Sul/RS, Rio Grande do Sul, Brazil
Autônomo do ramo da prevenção contra incêndio; Formando em Ciências Jurídicas e Sociais - Direito.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

A REDE PAMPA E A DOR BURGUESA

A REDE PAMPA E A DOR BURGUESA

Todos sabem que o modelo de mídia aberta no Brasil – e não só no Brasil – cumpre um papel de criar o senso comum, a opinião pública, os conceitos, os pré-conceitos, os padrões de certo e de errado. Não raras vezes definem eleições políticas tanto quanto a permanência ou não de determinados governos. Isso é novidade nenhuma para qualquer pessoa que discute o assunto. Todavia, em especial, tem me chamado atenção o comportamento de uma rede sul rio-grandense de rádio e televisão que nunca vi ser atacada pelos movimentos de esquerda, que não parece ser uma rede tão rica economicamente, mas que tem cumprido à risca a cartilha do interesse burguês no produto que oferece aos seus expectadores.
Conheci à Rede Pampa de Rádio e Televisão quando eu ainda era bem menino, por volta dos meus 8 anos, 1983 d.C.  O Canal 4 de Porto Alegre, RS, que até os anos 90, além de um pouco de programação local, transmitia o sinal da Rede Manchete, do sudeste do Brasil, de onde conheci Xuxa Meneguel, já produzida por Marlene Matos, no programa vespertino chamado Clube da Criança. O Pirata do Espaço era meu desenho animado predileto. Ainda bem que a internet, tantos anos mais tarde, me proporciona ver novamente essas coisas e curtir algumas saudades. Mais tarde, o Canal 4 passou a retransmitir, por poucos meses, o sinal de uma outra organização que, agora, minha memória não deixa lembrar e, em seguida, até os dias de hoje, passou a fazer rede com a Record, que se sabe propriedade da rede de Edir Macedo e sua Igreja Universal do Reino de Deus.
Em que pese o cumprimento da cartilha liberal que essas igrejas pentecostais e afins têm sobre a humanidade, muito maior é a incidência das práticas “neoburguesas” nos canais locais da Rede Pampa. Muito pior do que preconiza a organização de Edir Macedo.
No dial, a Rede Pampa oferece, na região metropolitana de Porto Alegre, uma pá de cerca de uma dúzia de rádios que mudam todo tempo de nome e que trocam seus nomes e suas programações entre si, parecendo uma tentativa de ajuste à adesão do público.
A Rádio Liberdade, uma de suas emissoras, que foi comprada do Sistema Tartarotti de rádios, cuja programação é tão somente de música gauchesca, uma relíquia de cultura gaúcha, com toda a riqueza da poesia da pessoa campeira do sul, mas que reafirma valores culturais não muito libertários do ponto-de-vista das minorias sociais, dia desses, teve seu canal de maior alcance substituído por uma programação de somente debate de futebol. Enquanto isso, a Rádio Liberdade foi parar numa frequência “pampeana” de baixo alcance no dial. Outra de suas frequências, ao meio do rádio FM, passava o dia todo exercendo um debate entre dois componentes de mesa que simplesmente repetem jargões e valores do senso comum capitalista, sem nenhum estudo científico. Não poucas vezes os ouvi pregar valores de vingança contra bandido e desdém ao direito penal brasileiro. Felizmente, há poucos dias, a Rádio Liberdade FM veio ocupar a frequência ao meio do rádio (96,7 FM) e, pelo menos para mim, aqueles dois papagaios de patrãozinho sumiram...
 Caiçara AM cumpre seu papel, desde que a conheço, de tocar músicas mais velhas, das que reproduzem todos os valores de dores amorosas, permitidas às décadas da ditadura militar brasileira, em detrimento da poesia libertária, do exercício do senso crítico.
A gota d’água, que me fez derramar o copo da vontade de escrever este texto, que há meses venho pensando, foi que hoje à tardinha, ao assistir um programa de debate que passa no Canal 4, vi a dor de senhores da sociedade sul rio-grandense, reclamando da dor que é não poder abater, no imposto de renda, mais do que R$ 3.000,00 dos gastos em educação. Ora, enquanto eles reclamam disso, o salário mínimo brasileiro é de R$ 788,00 e 90% dos estudantes brasileiros não podem gastar mais do que R$ 50,00 mensais em educação e contam com auxílios do governo ou com escolas públicas sucateadas para poderem estudar. Embora o Estado Brasileiro recém tenha começado a ampliar as vagas no ensino superior aos que não podem pagar, Fies, ProUni e Sisu ainda são insuficientemente a tábua de salvação dos mais pobres que desejam entrar no ensino superior. 
Esses comportamentos injustamente queixosos nos fazem questionar que liberdade de expressão há no sistema de mídia brasileiro, em que somente as classes mais abastadas podem se manifestar. Isso reforça a percepção da necessidade que há da urgente democratização dos canais de rádio e televisão, para que todos possam se manifestar.
Ademais, é clara a intenção de alguns representantes da classe média, aquela que optou por não libertar os pobres, mas aderir aos mandos da alta burguesia, em reclamar diuturnamente da política brasileira, de forma a desmerecer à opinião pública o atual governo. Usam os canais de mídia, que são concessão pública, para denegrir certos grupos políticos favorecendo, assim, àqueles que eles pretendem que estejam no poder.

Canoas, RS, abril de 2015.

terça-feira, 21 de abril de 2015

FOOTBALL HOMEM E CACHORRO

Não gosto muito de ver pessoas contando só as ganhas. Vou contar uma perdida muito engraçada que me aconteceu hoje:

Eu estava na pracinha do loteamento do Junior na Boa Vista II, em Taquari/RS e surgiu um cãozinho que abordava todas as pessoas correndo em círculos, freneticamente. Logo ele pegou uma esponja com a boca e continuava correndo vertigionosamente. Largava o objeto e fingia que saía, provocando que alguém quisesse pegar. Como se fosse um futebol americano! Só que ele queria ganhar sempre. Nunca deixava ninguém pegar a esponja. Enganava todos. Fazia todos de bobinho. Daí eu tive a brilhante ideia de dar uma dividida com ele. Entrei na disputa corpo a corpo. Achei que ele iria sair fora. Que nada! Ele não arredou. Nos enredamos. Eu caí por cima no animalzinho. Foi aquele gritedo! O plêi gráundi ficou triste. Ele saiu dali e não o vi mais. Perdi o parceiro de peleias. Era desses cachorrinhos barbudos e pequenos. É o segundo desse tipo que eu vejo gostar de brincar de jogos. Faltou alguém ensiná-lo, ainda, a ter paciência com os humanos, e deixar a gente pegar a esponjinha pelo menos uma vez... :)


 Taquari, RS, 21 de abril de 2015. 

Luciano Braga Alves,

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Significado da palavra ALIENADO

A melhor palavra que já inventaram para ofender alguém! Não! Não pelo seu teor ofensivo, mas pela capacidade que ela tem de se referir - ao mesmo tempo - ao ofensor e ao ofendido. Ora, quando vendemos algo, dizemos que esse bem foi alienado. Trocou de dono, pertence a outro mundo, a outra tribo. Quando usamos esse adjetivo para nos referirmos a uma pessoa, dizemos que ela não nos pertence, não pensa como nós, não faz parte do nosso grupo. Portanto, se alguém é alienado em relação a nós, nós também o somos em relação à ela. É o perfeito desenho de alguém que aponta ao outro com o indicador, sem perceber que os demais dedos apontam a quem aponta. Alienado, por fim, aquele que está fora do meu, do nosso grupo. Nem ofensa é! Formulei essa definição semana passada, quando ao passar por um grupo de colegas, ouvi essa palavra. Eu gostava muito, quando eu estava em posição de oposição política no Brasil, chamar os outros de alienados. Comecei a perceber que todos somos relativamente alienados, quando passei a ser governo. Coincidentemente, minha filha mais velha me acaba de perguntar isso. Respondi imediatamente. Resposta que fiz pra mim, há poucos dias.